sexta-feira, outubro 30, 2009

O Antigo Também Pode Ser Bom...

Aqui há dias criticava a postura de um comerciante, em nome de várias coisas, inclusive da modernidade, ou seja do "acompanhar os tempos".

Mas este não é necessariamente o único caminho a seguir.

A "Casa Alves" em Alfama é um bom exemplo de como o antigo pode confrontar o moderno e até dar-lhe cartas...
Os donos mantiveram (e muito bem) a traça inicial, com o cartaz que adjectiva a "Casa Alves" como "a melhor do bairro", em grande destaque.
E é impossível passar sem olhar. A limpeza e o bom gosto fazem com que a "Casa Alves" dê nas vistas, mesmo para quem apenas passa disfarçado de turista...

quarta-feira, outubro 28, 2009

José Freitas - o "Golfinho de Gibraltar"

No próximo sábado José Freitas, treinador de natação da SFUAP, vai apresentar o seu livro autobiográfico, "José Freitas (O Golfinho de Gibraltar) - Memórias", no pavilhão da colectividade piedense, pelas 16 horas.
A 16 de Setembro de 2005, escrevi no "Jornal de Almada" uma crónica em sua homenagem (José Freitas, o "Homem-Peixe"), na rúbrica "Almada no Centro do Mundo", que assinava no semanário almadense. É com todo o prazer que a transcrevo no "Casario":
«A SFUAP e o concelho de Almada têm a felicidade de contar com o numeroso clã da “família Freitas” na direcção técnica da secção de natação desta Sociedade, já centenária. Desde o avô – a figura central desta crónica – aos filhos e netos, toda a família tem dedicado grande parte das suas vidas à colectividade da Cova da Piedade, que é, cada vez mais, uma referência da natação nacional.
Lisboeta natural da freguesia do Socorro, José Freitas nunca perdeu de vista o Tejo, onde aprendeu a nadar, numa época em que as piscinas eram uma raridade e a água do rio tinha um “manto” azul prateado, com o qual recebia alguns ilustres visitantes, donde se destacavam os golfinhos.
A sua ligação ao Tejo fez com que se transformasse num nadador de médio e longo curso, passando horas e horas dentro de água. A especialização em grandes distâncias longas aproximou-o do então famoso Baptista Pereira, que foi imortalizado por Soeiro Pereira Gomes no romance “Esteiros”, através da personagem Gineto, nadador de quem se fez amigo e com quem treinou inúmeras vezes nas águas do Tejo.
Depois de muitas vitórias e classificações honrosas, dentro e fora do país, José Freitas preparou com afinco aquela que seria uma das suas missões mais arriscadas, a Travessia do Estreito de Gibraltar.
Em Setembro de 1962 conseguiu o feito de atravessar o Estreito de Gibraltar em tempo recorde, uma das grandes proezas desportivas da época.
Depois de se retirar como nadador de competição, tornou-se técnico de natação.
Graças ao trabalho que desenvolveu na Capital, José Freitas acabou por ser convidado pela direcção da SFUAP para organizar e lançar as escolas de natação do clube. Felizmente, para todos nós, no já longínquo ano de 1968, o técnico de natação aceitou o desafio que lhe colocaram, desenvolvendo de uma forma extraordinária a modalidade na Margem Sul.
Além de ter ensinado a nadar milhares de almadenses, José Freitas criou a vertente competitiva no clube da Cova da Piedade, formando uma das melhores equipas nacionais, donde têm saído grandes atletas nível internacional, com extraordinários resultados desportivos, com particular destaque para Ana Francisco, campeã europeia de juniores.
Não temos dúvidas que José Freitas é digno do maior respeito e aplauso de todos nós, pela sua grande dedicação, e amor, ao desporto almadense.»

segunda-feira, outubro 26, 2009

Manhã Submersa

O nevoeiro apareceu hoje, bem cedo, e tomou conta da manhã.

Não foi demasiado denso, ao ponto de não se ver um palmo à frente, assustando os viajantes do Tejo, mas roubou-nos o horizonte.
O Ginjal estava assim., sem viv'alma..

quinta-feira, outubro 22, 2009

O Mundo Avança, lá Fora...

Passo todos os dias em frente a uma loja que não mudou nada, nos últimos vinte anos.

Hoje fez-me uma particular aflicção ver o dono, de braços cruzados, ao fundo da loja, de pé, como se estivesse a olhar para sitio nenhum.
Apeteceu-me dizer-lhe: «acorde! Olhe para o mundo lá fora.» Mas sei que não valia a pena...
Nem sei se ainda entram pessoas naquela loja de bugigangas, que vende um pouco de tudo, como as dos chineses, mas muito mais caro. E nem sempre são produtos de mais qualidade.
Não sei como sobrevive. Do comércio não deve ser, quase de certeza. Talvez viva dos rendimentos da loja, quando ainda conseguia vender tachos, panelas, garfos, facas, alguidares, jarras, etc...
Pergunto para os meus botões: «porque razão estas pessoas não desafiam o futuro, não fazem umas mudanças nas suas lojas para tentar chamar clientes?»
Coloquei esta fotografia apenas por ser uma "antiguidade", embora mantenha o brilho e "glamour" de sempre, ao contrário da loja almadense...

terça-feira, outubro 20, 2009

«A Capital do Ginjal»

Só ontem é que vi o documentário sobre o arquitecto Nuno Teotónio Pereira, transmitido no sábado à noite, na RTP2.

O Ginjal também apareceu, a espaços, não tivesse o Nuno passado por ali alguns pedaços da infância e adolescência, nos armazéns de vinho da família.
O que me despertou mais a atenção foi a sua confidência de que costumava vir para o Ginjal com um dos primos da mãe, Vitorino Nemésio (só pode ser o escritor...), que gostava muito daquele lugar para escrever os seus livros e crónicas. Acrescentando ainda que para Nemésio, a Capital do Ginjal de Cacilhas, era o Cais Sodré.
Nuno explicou que ele dizia isto porque na época (anos cinquenta/ sessenta?) o Cais Sodré era um lugar muito animado, cheio de gente que, ora atravessava o rio para a Outra Banda ora apanhava o comboio para a linha de Cascais.
Claro que é uma frase simbólica, que talvez queira centrar todo aquele movimento de operários em redor do Ginjal, no Cais de Sodré, onde havia realmente um pouco de tudo...

sábado, outubro 17, 2009

A Praia da Ponte

Quando a maré baixa, surge sempre mais uma praia, aqui e ali, na Margem Sul do Tejo.

Esta fica quase debaixo da ponte do rio largo que banha as terras de Almada e de Lisboa, não existe qualquer montagem...

quinta-feira, outubro 15, 2009

A Foice e o Martelo Ainda Fazem das Suas

Segundo os últimos desenvolvimentos na imprensa e na blogosfera, parece que foram mesmo os votantes no PCP que retiraram a maioria à CDU em Almada.

Pelos vistos também eles estavam fartos de ser governados por uma maioria...
Podem ler mais aqui e ali.
Parece que a foice e o martelo ainda fazem das suas. Mesmo numa cidade povoada de gente culta e esclarecida, ainda há quem confunda o MRPP com a CDU, dizem...

segunda-feira, outubro 12, 2009

Almada Ficou Mais Democrática

O sinal mais das eleições autárquicas em Almada (para mim claro...) foi a perda da maioria da CDU no executivo do Município.

Nunca gostei de maiorias, quer no governo central quer nas estruturas locais. Penso que o poder não deve estar assente em apenas uma força política, para que não se alimente o "autismo" político e os tiques ditatoriais de quem exerce o poder.
E quem não sabe governar em minoria, não é de certeza, um bom político.
Ao nível das freguesias, ficou tudo igual. Embora a Costa de Caparica, a única junta "laranja" do concelho, tenha ficado por um fio, faltaram apenas 67 votos para se tornar "rosa"...
A abstenção manteve os níveis elevados do costume, próximos dos 50% (e em alguns casos até superior, para o Município e para a Assembleia Municipal por exemplo, ultrapassou os 51%...). E é ela que faz toda a diferença, de uma forma geral beneficia sempre quem está no poder.
O PS voltou a falhar o "ataque ao poder", por culpa própria. Quando se querem ganhar eleições, é importante apresentar um candidato com o qual os cidadãos se sintam identificados.
Tal como aconteceu a nível nacional, o BE não subiu como se esperava, tendo inclusive perdido um dos mandatos que conquistara em 2005, no concelho. A "honra do convento" foi salva com a eleição da vereadora, Helena Oliveira, que retirou a maioria à CDU.
Curiosa (e ao mesmo tempo perigosa, se pensarmos que estamos num concelho com tradições de esquerda...) foi a subida do CDS, que praticamente tinha desaparecido em 2005, deixando de ficar representado na Assembleia Municipal. Agora conquistou dois deputados municipais e três mandatos em três Juntas de Freguesia (Charneca de Caparica, Costa de Caparica, Sobreda).
Num concelho onde nunca se resolveram os problemas de exclusão social existentes em vários bairros problemáticos e que tem assistido impavidamente à proliferação de emigrantes de várias nacionalidades (como tantos outros, de Norte a Sul), que infelizmente têm contribuído para o aumento da sua criminalidade, o discurso de Portas em nome da segurança, da emigração e da distribuição do rendimento mínimo, vai ganhando votos...

sábado, outubro 10, 2009

A Vida é Cheia de Surpresas

De vez em quando somos surpreendidos por algumas pessoas, pelas piores razões.
Nas várias exposições artísticas que já organizei, nunca me tinha acontecido um artista a uma semana da inauguração dizer-me que já não queria expor.
Eu sei, há sempre uma primeira vez para tudo...
Felizmente houve dois amigos que em apenas quatro dias reuniram as obras necessárias para participarem na exposição, "Três Olhares, a Mesma Paixão pela Cor e pela Arte", na Sala Pablo Neruda, do Fórum Romeu Correia, em Almada, que foi inaugurada hoje (estará patente ao público até 24 de Outubro) e que se juntaram ao Mártio.
Obrigado D'Sousa e Roger.

Se puderem apareçam, vão gostar das obras do D'Souza, do Mártio e do Roger.

sexta-feira, outubro 09, 2009

O Ciclo Vai Continuar

Quando digo que o ciclo vai continuar, faço-o com a convicção que serão muito poucas as mudanças no mapa político autárquico.

Irrita-me bastante ver maus autarcas a perpetuarem-se no poder, muitos até já têm o estatuto de "dinossauros", e que só a lei os vá conseguir (se entretanto não a alterarem novamente...) retirar do poder nas próximas eleições.
Segundo a minha opinião, há três condições que são decisivas para que isto aconteça:
1ª - A falta de alternativas, credíveis e sérias, apresentadas pelas oposições (em algumas cidades dá mesmo a sensação que os principais partidos da oposição não querem ser poder, pelos candidatos que apresentam...);
2ª - O grande conservadorismo do eleitorado, que tem sempre medo de mudar para pior. Seguem à risca a canção, "para pior já basta assim";
3ª - A abstenção elevada. É inaceitável que um grande número de pessoas esteja contra os poderes locais existentes na zona onde vivem e utilizem a pior arma que poderiam usar, a falta de comparência nas mesas de voto;
E é por isso que o ciclo vai continuar...
O desenho do Rui é uma republicação, mas reflecte muito a política, com o Cavaco a falar de Sol, quando basta espreitarmos à janela, como o Zé Povinho, para vermos as nuvens negras...

quarta-feira, outubro 07, 2009

Democracia? É Isto?

Um amigo meu conseguiu definir de uma forma pertinente a democracia que se pratica em Portugal pelos nossos políticos, de Norte a Sul (com as ilhas incluídas claro):

«A democracia portuguesa caracteriza-se pela capacidade de fingir que escutamos as opiniões dos outros, para depois seguirmos unicamente a nossa opinião, aquela que sabemos estar sempre certa.»
Infelizmente é mesmo este o significado da palavra democracia para tantos "democratas de pacotilha", que vestem as várias "camisolas políticas" que circulam por aí, da esquerda para a direita, da direita para a esquerda, e que agora andam nas suas cidades e vilas, munidos de folhetos, cartazes, bandeiras, canetas e palavras de mudança, e claro muitos sorrisos, apertos de mão e beijinhos...
Era tão bom que não tivesses razão, Zé Mário...
NOTA: E pelo "andar da carruagem", qualquer dia os nossos políticos fazem como Salazar fez em 1933, na votação da nova Constituição, têm a "ideia luminosa" de transformar a abstenção em votos do "sim", favoráveis ao poder instituído...

domingo, outubro 04, 2009

Viva a República!

Na manhã de 4 de Outubro de 1910 começou a juntar-se uma pequena multidão no Largo de Cacilhas, composta maioritariamente por operários e comerciantes locais, à volta de duas figuras do republicanismo, o deputado Feio Terenas e o dr. Leão Azevedo, vindos de automóvel de Setúbal com o objectivo de organizar a Revolução Republicana em Almada.
Quase em simultâneo foram chegando ao Largo dirigentes e militantes do Centro Republicano Elias Garcia, da Cova da Piedade, com destaque para Galileu da Saúde Correia, Artur Paiva, Jaime de Amorim Ferreira, Joaquim Correia, e do Centro Republicano Capitão Leitão, de Almada, António Branquinho, Francisco Matos da Silva, Manuel Parada, Pedro Inácio Botelho, Polónio Febrero Júnior, entre outros. Assim como alguns sindicalistas como o anarquista Bartolomeu Constantino e os socialistas, José Custódio Gomes e Jerónimo Louro.
O objectivo era conseguir parar as fábricas e trazer os seus operários para a rua. Algo que não se revelou fácil. Seria o prestígio e o dom de palavra de Bartolomeu Constantino que convenceu os operários das fábricas de Cacilhas a saírem para a rua, tal como aconteceria com os trabalhadores da Cova da Piedade e de Almada.
A multidão acabou por subir para o centro de Almada, até aos Paços do Concelho, onde num acto cheio de simbolismo, as bandeiras monárquicas içadas no edifício da administração do Concelho e no Castelo foram substituídas pelas dos Centros Republicanos “Elias Garcia” e “Capitão Leitão”.
De seguida a escadaria dos Paços do Concelho prestou-se ao papel de palanque e foram feitos discursos de vitória da República perante a Monarquia, por Galileu da Saúde Ferreira, Jaime de Amorim Ferreira e Bartolomeu Constantino.
Foi desta forma que Almada se antecipou ao resto do país, tal como Loures, Barreiro e Aldeia Galega (Montijo), que também deram vivas à República a 4 de Outubro de 1910.


Este texto foi transcrito do meu último livro, Cacilhas - o Comércio, a Indústria, o Turismo e o Desenvolvimento Sociocultural e Político da Localidade Ribeirinha".
A fotografia mostra-nos Afonso Costa, no Largo de Cacilhas em 1911. Afonso Costa foi um dos bons ministros da 1ª República, deixando obra nas pastas da justiça e das finanças em governos diferentes.

sábado, outubro 03, 2009

Os "Bonecos" do Carlos Laranjeira em Almada

A excelente exposição de Carlos Laranjeira, "6900 dias de cartoon", foi inaugurada ao fim da tarde de hoje, na Oficina de Cultura de Almada.

Carlos Laranjeira é um artista cacilhense que cursou Design de Comunicação Belas Artes e que se iniciou no mundo dos jornais, curiosamente, na mesma altura que eu, em Outubro de 1990, nas páginas do nosso "Record".
Embora morássemos ambos em Cacilhas não nos conhecíamos, foi graças ao jornalismo que nos tornámos amigos, ligação que se firmou com a participação no Associativismo Cultural.
Felizmente o Carlos nunca mais parou de crescer e é hoje um cartoonista consagrado, galardoado com vários prémios importantes, além de já ter participado em dezenas de exposições, no nosso país e no estrangeiro.
Durante a inauguração foi homenageado, justamente, pelas Autarquias do Concelho de Almada.
E já agora, não se esqueçam de aparecer na Oficina de Cultura, até ao dia 18 de Outubro, há "bonecos" do Carlos imperdíveis...

quinta-feira, outubro 01, 2009

Dia Nacional da Água

Hoje foi um dia cheio de comemorações.

Almada costuma dar um particular realce ao "Dia Nacional da Água".
Este ano apresentou a "Cronologia da História da Água e Saneamento em Almada", um pequeno livrinho, baseado no trabalho que está a ser feito pelos historiadores locais, Alexandre M. Flores e António Neves Policarpo, sobre a história da água no concelho, que deverá ser apresentado no próximo ano.